Versos estacionários
Utilize o corrimão,
Deixe a direita pra circulação.
Corra o mapa metropolitano,
Voando sobre os trilhos paulistanos.
Caídos como veredas no chão,
Transportando em arroxo a população.
Os sonhos da multidão
Cada pensamento levado pelos trilhos.
Cansados mas talhados
Na pele de cada um feito ladrilho.
Em espiral o mundo se diz,
Desde o desenho de giz
Riscado em cada calçada.
Ao riso contente da molecada,
Cantando e os deixando contar.
Em versos lidos, exprimidos,
Nas linhas das lembranças.
Produzidos e imprimidos
No olhar de esperanças.
Na linha oito diamante,
Vou dedilhando versos cantantes,
Sem muita profundura,
Na culta cultura
De quem faz da vida melhor,
Aprendendo com o seu pior.
Que as palavras escondem outras,
Bem mais inflamadas e soltas,
Do que podemos enxergar.
Que o mundo esconde outro,
Onde nem tudo que se vê
Podemos nos acostumar.