Versos estacionários

Utilize o corrimão,

Deixe a direita pra circulação.

Corra o mapa metropolitano,

Voando sobre os trilhos paulistanos.

Caídos como veredas no chão,

Transportando em arroxo a população.

Os sonhos da multidão

Cada pensamento levado pelos trilhos.

Cansados mas talhados

Na pele de cada um feito ladrilho.

Em espiral o mundo se diz,

Desde o desenho de giz

Riscado em cada calçada.

Ao riso contente da molecada,

Cantando e os deixando contar.

Em versos lidos, exprimidos,

Nas linhas das lembranças.

Produzidos e imprimidos

No olhar de esperanças.

Na linha oito diamante,

Vou dedilhando versos cantantes,

Sem muita profundura,

Na culta cultura

De quem faz da vida melhor,

Aprendendo com o seu pior.

Que as palavras escondem outras,

Bem mais inflamadas e soltas,

Do que podemos enxergar.

Que o mundo esconde outro,

Onde nem tudo que se vê

Podemos nos acostumar.

Alexandre Rodrigues de Lima
Enviado por Alexandre Rodrigues de Lima em 14/03/2015
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