E DAÍ...?


E daí...?
Se pelas ruas crianças dormem em jornais,
Se pontes e viadutos servem de abrigos,
Se a prostituição infantil invade as marginais,
Se não há como fugir do perigo.

E daí...?
Se houve mais uma morte,
Mais um abuso sexual,
Se de sul a norte,
A violência é infernal.

E daí...?
Se o salário é de fome,
Se a lágrima pouco importa,
Se uma profunda revolta consome,
Se a esperança está quase morta.

E daí...?
Se a sensação é de pleno abandono,
E fica cada vez mais difícil sonhar,
Se o verdadeiro rei perdeu o seu trono,
Se as asas não podem mais voar.

E daí...?
Eu não tenho nada há ver com isso,
O rumo do barco não vai mudar,
Dá licença, pois, tenho um compromisso,
Vou ver o meu time jogar.