Homens do ano (após ano)

Não sei se são muitos

os que carregam o piano

Sei que o mundo gira graças a Deus,

Depois, a esses manos.

Não era dessa gente avessa que era pra falar

Da galera do mal

De quem infringe sem ser pela arte

Mas, por egoísmo e ambição.

Atropelam tudo que era pra respeitar

Mentem, enganam, roubam sem parar

Não era dessa corja que rouba quem lhes bajula

Que espelha o vomito de uma sociedade apodrecida

Ícones de um sucesso erigido sobre suor e sangue

Que formula seus projetos quando ainda insetos

Depois viram monstros

Transmorfos, vampiros hediondos

Levando para as suas tocas,

seus reinos do luxo,

o produto institucionalizado pela banalização legitimada;

o produto do suor dos carregadores desse piano-nação

Não queria falar deles

Já estão falando muito

Deveriam ser esquecidos como esquecem seus sustentadores

Ignorados como por eles são os verdadeiros trabalhadores

Empreendedores?

Sustentáculos do crescimento?

Legisladores?

Para quem?

...porque nós...

Ficamos com as sobras do que financiamos

Nós?

Nós somos as sobras!