AS VÁRIAS FACES DE MIM MESMO
Eu negro,
Quem me julgou assim sem conhecer?
Quem predeterminou meus gostos,
Meus princípios, meu cheiro,
Ou o que eu devo ser...
Quem, sem me olhar direito,
Beijou as faces do preconceito???
Eu mulher,
Quem me privou de SER?
Quem construiu o modelo com que devo me parecer?
Quem sufocou minhas vontades, minhas coragens?
Quem teve a ideia maligna de imortalizar paradigmas??
Eu marginalizado,
Quem me “resolveu” isolado, amordaçado?
Ou ainda, a sete palmos enterrado...
Quem ocultou meu grito sufocado??
Eu deficiente,
Quem me subestimou?
Quem é aquele que de ineficiente me rotulou?
E aquele, que passou e não me notou?
Fechou os olhos para minha presença...
Preferiu a cômoda indiferença...
Eu menino,
Quem disse que eu não podia chorar?
Que da cor rosa eu não podia gostar...
E na escola,
Quem foi que me podou o saber?
Quem determinou o que eu podia ou não aprender?
Quem foi??? Pra que eu possa socorrer...
Eu, nas várias faces de mim mesmo,
Por certo, nalgum momento de todo o contexto,
Também estive do lado avesso...
Este com o qual me entristeço.
E nas várias faces de mim mesmo,
Ora cobro, ora pago o preço...
É nesse ritmo que amadureço...
Hora dessas, ainda floresço!!!