Domingo na Rede
No balanço das redes,
descansa meu corpo.
Ouço as horas,
vejo a poeira nas folhagens,
e o vento frio nos quintais;
o sol ilumina as ruas
e os pássaros;
volta o verde
à paisagem.
Sinto a alegria dos amores
esquecidos no carnaval.
O povo foi à missa,
almas voltaram à terra
pedindo preces.
{Círios amarelos iluminam as mãos}.
Velhos senhores contam piadas;
gargalhadas chegam às portas.
A cidade é a mesma:
Becos sem saída,
buracos nas ruas.
O lixo da semana espalha-se
nas calçadas; um poste caído
fecha passagens.
Passa o domingo entre as páginas
dos jornais e na tela do computador.
Desfia-se o tempo.
Espero a chuva da tarde,
e o conserto dos relógios
quebrados.