O poço da gente
O poço é escuro e fundo
Nele residem frias águas da ignorância
Sujo, lamacento, imundo
Lá, a podridão vive em abundância
É a realidade obscura de nosso mundo
Poluído pela humana ganância
Imersos num estado de letargia
Os homens perdem a cidadania
Pelo poço algoz são engolidos
Presos no fundo acorrentados
Andam e vivem desacordados
Gnosticamente indigentes, perdidos
Quando um arrisca o poço subir
Outro vem para o fundo lhe puxar
Poucos seres tentam dele fugir
Muitos poucos conseguem se salvar
Alguns conseguem até sair
Mas, vez por outra, voltam para lá
De cima, vejo os homens agonizantes
Eles nadam, nadam a nenhum lugar
Conforme Ulysses seguem errantes
Sem o caminho certo encontrar
Que, enfim, os tornem seres pensantes
Nas trevas seguem a se embrenhar