Poema tirano

Do alto os fogos, a festa o delírio

Embaixo é fogo, é choro e martírio.

Agrupam-se os corações

Em medo e em piedade.

Entre o vai e vem

Das exigências

Das influências

Do abuso imoral

Deprime e se comprime:

- A sociedade.

São fogos, é felicidade...

No sorriso pueril da mocidade

Percorre a trajetória de glória.

Acompanha [sempre] do alto

E do alto... Tudo é cidade.

De baixo, ouve-se o pranto

Os gritos sentidos na alma

Os gritos que doem tanto.

No sorriso do menino...

Doem dobrado!

Entre lágrimas, lavam o sangue

No rosto, lavam as dores

No posto, vive seu fado.

E numa espera ilusória

No gemido, afogam-se as dores.

E p'ro alto - parte o menino

Finca as unhas no chão.

De baixo ve-se o canhão

De cima, é doce ilusão

De longe, o paraíso.

Vejo apenas o sorriso

O sorriso se partindo

A dor mais forte surgindo

E junto aos fogos explodem:

O pranto, a dor e a emoção.

Inspirado do texto "Sobre Ditaduras" de Glauber Vieira.

Rejane Alves
Enviado por Rejane Alves em 15/02/2015
Reeditado em 01/12/2015
Código do texto: T5138451
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