Poema tirano
Do alto os fogos, a festa o delírio
Embaixo é fogo, é choro e martírio.
Agrupam-se os corações
Em medo e em piedade.
Entre o vai e vem
Das exigências
Das influências
Do abuso imoral
Deprime e se comprime:
- A sociedade.
São fogos, é felicidade...
No sorriso pueril da mocidade
Percorre a trajetória de glória.
Acompanha [sempre] do alto
E do alto... Tudo é cidade.
De baixo, ouve-se o pranto
Os gritos sentidos na alma
Os gritos que doem tanto.
No sorriso do menino...
Doem dobrado!
Entre lágrimas, lavam o sangue
No rosto, lavam as dores
No posto, vive seu fado.
E numa espera ilusória
No gemido, afogam-se as dores.
E p'ro alto - parte o menino
Finca as unhas no chão.
De baixo ve-se o canhão
De cima, é doce ilusão
De longe, o paraíso.
Vejo apenas o sorriso
O sorriso se partindo
A dor mais forte surgindo
E junto aos fogos explodem:
O pranto, a dor e a emoção.
Inspirado do texto "Sobre Ditaduras" de Glauber Vieira.