Por falta d'água

Por falta d'água

Disse adeus a minha terra

Com os olhos marejados,

Deixei o meu pé de serra.

Aqui pra terra da garoa

Vim com minha gente

De tudo fiz um pouco...

Catador, ambulante, servente.

Vivo a muitos anos

Nesta acolhedora cidade

Foi um tempo de fartura,

Foi "quase" felicidade.

Não existia a necessidade,

De fazer promessa à Santa

Pedindo pela chuva rica,

Mirando as nuvens cinzentas.

Reservatórios transbordando,

Chuvas... chuvas abundantes,

Rios zoando caudalosos

Pelos vales verdejantes.

Não existia racionamento,

Sempre chovia na cantareira

A qualquer hora do dia,

Tinha água nas torneiras.

Não houve política hídrica

A cidade se agigantou,

Sem nenhum planejamento,

O consumo de água triplicou.

As torneiras secaram

Não tenho água pro banho

Infelizmente, virou pesadelo

Esta terra de sonhos.

Sem planejar, sem investir...

Vários governos "sem" gestão

Acenderam velas pra São Pedro

Perderam o senso, a razão.

Por falta d'água

Vou deixar esta terra

Estou indo de mala e cuia,

Lá pro meu pé de serra.

Roberval Andrade Carvalho
Enviado por Roberval Andrade Carvalho em 09/02/2015
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