Por falta d'água
Por falta d'água
Disse adeus a minha terra
Com os olhos marejados,
Deixei o meu pé de serra.
Aqui pra terra da garoa
Vim com minha gente
De tudo fiz um pouco...
Catador, ambulante, servente.
Vivo a muitos anos
Nesta acolhedora cidade
Foi um tempo de fartura,
Foi "quase" felicidade.
Não existia a necessidade,
De fazer promessa à Santa
Pedindo pela chuva rica,
Mirando as nuvens cinzentas.
Reservatórios transbordando,
Chuvas... chuvas abundantes,
Rios zoando caudalosos
Pelos vales verdejantes.
Não existia racionamento,
Sempre chovia na cantareira
A qualquer hora do dia,
Tinha água nas torneiras.
Não houve política hídrica
A cidade se agigantou,
Sem nenhum planejamento,
O consumo de água triplicou.
As torneiras secaram
Não tenho água pro banho
Infelizmente, virou pesadelo
Esta terra de sonhos.
Sem planejar, sem investir...
Vários governos "sem" gestão
Acenderam velas pra São Pedro
Perderam o senso, a razão.
Por falta d'água
Vou deixar esta terra
Estou indo de mala e cuia,
Lá pro meu pé de serra.