GIZ e MAGIA
Professor,
vejo meu futuro
exposto em seu rosto,
inseguro,
puro desgosto.
Nem chega agosto
e o sonho de melhoras
vai embora,
porta afora.
Baixo salário,
semanário,
caderneta,
papeleta,
sala lotada,
desinteressada,
projeto pedagógico,
ilógico,
de cima pra baixo,
na vertical,
ditatorial.
Criança mal-educada,
abandonada
pela família desestruturada.
Às vezes,
a sala de aula
é uma jaula
com um domador desarmado,
às vezes, despreparado,
muitas outras, desanimado.
Síndrome de pânico, de Burnout & Cia,
alergia,
renite e reunião, falação,
sem direção,
sem horizonte.
Projetos
obsoletos,
esqueletos
de um corpo sem alma,
sem calma.
Esgotam-se paciência,
sobram licenças.
Professor,
se não fosse por amor
seria
por ideologia,
mas ideologia
não enche barriga
nem paga as contas.
Professor,
salário baixo
capacho
de um sistema estéril:
Ensinar pra quê
se não posso dizer
o que penso de você?