Morada de um homem ou de um rato

Abaixo da avenida

Encima da rodovia

No centro sua casa

Janela de lona

Uma toca de rato

Um animal humano

Pensamentos mesquinhos na cabeça

Movimento incessante de carros

Acima e abaixo

Abrigo do corpo, insossego da mente

Por onde andará o Zé ninguém?

Sem vintém , onde se abrigará?

Na soleira do viaduto

Na escada da miséria,

Na ponte escura, distante da água

Perto da fome, abraçado a solidão.

No corpo a marca da solidão

No peito cravado a saudade, desilusão

O Zé ninguém

Não é de ninguém

Assim permanece

Padece talvez... Ou não?

O Zé ninguém é um descarte humano

Do povo ausente

Excluído, humilhado, banido

O Zé ninguém é um numero crescente

O Zé é um fugitivo, só visto quando sai da toca

Que tomou do rato no coice

Matou, deu fim

Assim como será o seu, próximo

Luiz Carlos Zanardo
Enviado por Luiz Carlos Zanardo em 01/02/2015
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