Morada de um homem ou de um rato
Abaixo da avenida
Encima da rodovia
No centro sua casa
Janela de lona
Uma toca de rato
Um animal humano
Pensamentos mesquinhos na cabeça
Movimento incessante de carros
Acima e abaixo
Abrigo do corpo, insossego da mente
Por onde andará o Zé ninguém?
Sem vintém , onde se abrigará?
Na soleira do viaduto
Na escada da miséria,
Na ponte escura, distante da água
Perto da fome, abraçado a solidão.
No corpo a marca da solidão
No peito cravado a saudade, desilusão
O Zé ninguém
Não é de ninguém
Assim permanece
Padece talvez... Ou não?
O Zé ninguém é um descarte humano
Do povo ausente
Excluído, humilhado, banido
O Zé ninguém é um numero crescente
O Zé é um fugitivo, só visto quando sai da toca
Que tomou do rato no coice
Matou, deu fim
Assim como será o seu, próximo