NADAR NADAR E MORRER NA PRAIA


Sem direitos,
Sem dinheiros
Sem nem ter onde morar,
Acontece ao brasileiro
Depois de tanto lutar.
Lá se foi nossa poupança
Guardávamos tão ferozmente,
Até a nossa esperança
Ficou mais longe da gente.
De repente o sol deixou
De brilhar intensamente
Até a economia
Que a gente sacrificou
Foi parar estranhamente
Em outra conta corrente
De quem não nos ajudou.
Ficamos a ver navios
Que nem tem onde ancorar
Somente mares bravios
E alguns nem sabem nadar.
Vão remando mar adiante
Sem ter como descansar
Sem mesmo avistar à frente
A areia branca do mar.
De repente já cansados
Só em Deus pra confiar,
Prosseguem mesmo exaustos
Depois de tanto lutar.
Mas não se entregam ao cansaço
E até aprendem a nadar.
____________________________________________________________
Este texto foi escrito na época do Collor e Zélia Cardozo de Mello, quando confiscaram os nossos minguados salários. Pior é que daquela época até hoje nada mudou. Este texto está atualizado por isso é que estou reapresentando.