negras raízes

No mar de lágrimas que mata a fome do deserto de pedra

pinta de vermelho os porões da casa grande.

Olhar negro para o calor

das muitas horas plantando a liberdade

com dois rostos diferentes

mas com o apenas um tronco no calvário.

Paí, perdoailhes Pai

eles não sabem que

a terra foi construída

com as tintas de cores vivas

Coração

bombeando o combustível igual ao do trabalhador

que não pode entrar na escola que ele ajudou a construir.

Somos todos Zumbis

Somos todos Kuntakinte

não preciso perguntar ao criador

quem pintou o quadro da independência

mas apenas quero saber

quem contou ao menino

que ele não pode amar

o amigo que e filho do pobre construtor

da casa onde ele brinca de jogos de guerra com o invisível

que beija sua suja mão branca.

Não sei se os irmãos vão querer olhar no espelho

depois que a favela mudou de idioma

mesmo que o carnaval bata na sua porta usando apenas roupas de banho.

O sangue não muda

sim

o sangue não muda

mesmo que você troque a cor dos teus olhos

o sangue não vai trocar de cor.

Meu nome e nuvem vermelha

de sobrenome lobo solitário

e vou comer terra no café da manhã

vou comer terra no jantar romântico

onde as fotografias antigas vão contar a verdade crua nos ouvidos do anjo rico

que bebeu o leite da noite.

O sangue não muda

O sangue não mente

O sangue não usa máscaras

ele apenas grita

grita nos ouvidos da casa grande

e enfia no estômago do senhor sua verdadeira identidade rasgada,

BOM DIA,

SOU SEU IRMÃO!

fred albano
Enviado por fred albano em 29/01/2015
Código do texto: T5118448
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