negras raízes
No mar de lágrimas que mata a fome do deserto de pedra
pinta de vermelho os porões da casa grande.
Olhar negro para o calor
das muitas horas plantando a liberdade
com dois rostos diferentes
mas com o apenas um tronco no calvário.
Paí, perdoailhes Pai
eles não sabem que
a terra foi construída
com as tintas de cores vivas
Coração
bombeando o combustível igual ao do trabalhador
que não pode entrar na escola que ele ajudou a construir.
Somos todos Zumbis
Somos todos Kuntakinte
não preciso perguntar ao criador
quem pintou o quadro da independência
mas apenas quero saber
quem contou ao menino
que ele não pode amar
o amigo que e filho do pobre construtor
da casa onde ele brinca de jogos de guerra com o invisível
que beija sua suja mão branca.
Não sei se os irmãos vão querer olhar no espelho
depois que a favela mudou de idioma
mesmo que o carnaval bata na sua porta usando apenas roupas de banho.
O sangue não muda
sim
o sangue não muda
mesmo que você troque a cor dos teus olhos
o sangue não vai trocar de cor.
Meu nome e nuvem vermelha
de sobrenome lobo solitário
e vou comer terra no café da manhã
vou comer terra no jantar romântico
onde as fotografias antigas vão contar a verdade crua nos ouvidos do anjo rico
que bebeu o leite da noite.
O sangue não muda
O sangue não mente
O sangue não usa máscaras
ele apenas grita
grita nos ouvidos da casa grande
e enfia no estômago do senhor sua verdadeira identidade rasgada,
BOM DIA,
SOU SEU IRMÃO!