POBRE MENINA
POBRE MENINA
Pobre menina sonha com a liberdade
Este pássaro gigante e distante
Sem saber por que tanta saudade
Habita em seu peito vacilante
A escola abandonou pelas ruas
Viajante nas páginas do livro da vida
Muitas vezes não são só figuras
São cenas chocantes, tristes duras.
Desastres de trens, pessoas mortas.
Nos cantos afastados, abandonados,
Estão muitas bocas cansadas, tortas
Delirando na intimidade sem portas.
Não há tempo para sorrir sem dentes
Só miséria no meio destas gentes
Mais fácil é curtir o cuspir
Para se livrar do gosto triste da fome.
Pobre menina, sem infância
Correm o tempo e o vento
Mas não lhe sai do pensamento
O tão sagrado e esperado momento.
Sair do jugo da condição humana
Tornar-se ave, anjo, avião, santa
Voar além da imaginação, além do portão
Habitar o paraíso onde não lhe falte o pão.