De Passar Hão
Não, passarinho
O ódio não é o caminho.
Nunca foi, nem será
Não, o ódio não é solução.
Certo que uma andorinha
só
não faz verão.
Mas verão não é,
do ano, a única estação.
Não, passarinho,
o ódio não traz libertação.
Conhecemos as gaiolas.
Eu concordo, passarinho.
Mas não se celebra
a morte do voador vizinho.
Não, não nos ajuda
incitarmos esse clima
mesmo quando a desgraça
é da ave de rapina.
Somos todos pássaros.
Mesmo os avestruzes e emas.
Que apesar de não voarem
têm também outros problemas.
Canta, passarinho!
Canta o teu canto mais bonito!
Se valha do piar,
se valha até do grito!
Mas não caia no erro
de engrossar esse co(u)ro!
Que abatidos, todos seremos,
confundidos com besouros.
Não, o ódio não é o caminho.
Se for pra voar nessa direção,
prefiro ser pássaro sozinho.
Abra os olhos, passarinho!
Não desperdice o teu tesouro!
Lembre que, se não pra acrescentar,
palavra é prata, silêncio é ouro!