A estrada do estudo

Por mim ou por ninguém, onde está tudo aquilo

que o peso descarregou mas nunca ficou de prontidão?

Eu nasci num calmo mar, que se tornou bravio,

mudei então para a beira, do leito de um rio.

Lá o céu é mais tranquilo, nem isso e nem aquilo.

está sempre onde as outras coisas que eu procuro estão.

Então porque me afogar numa mesa de bar,

se o que eu procuro nessas águas não sabe navegar?

Caminheiros que eu encontro pelas estradas,

não veem paisagens em mim. Sou final de linha?

Como vai? A resposta é a mentira da verdade:

- Já fui madrugada e calmaria, hoje tempestade.

Nenhuma cobra é criada nesta estrada,

nenhum querer se atende num deserto,

mas no tabuleiro da conspiração,

o inimigo do desejo sempre está por perto.

Pela estrada a fora ninguém vai sozinho,

permanece o Rei à procura da Rainha,

a barra do dia é prenúncio e parada,

de quem só começa e no fim se avizinha.

Está mesmo procurando o quê? Perguntei.

- É a cura da doença ou é a doença da cura.

Respondeu amarga, a mente do sofrido,

que pôs o pé na estrada para achar a procura.

Esta estrada é a mesma da rua da amargura,

onde o mal se esconde no tempo comum.

Não pense no caminho que você está sozinho,

pois se andar perdido não vai a lugar nenhum.

É nessa caminhada que sempre estão contigo.

Por isso nunca os deixe num acostamento.

Talvez doidos sejam os calos dos teus pés,

abrindo o coração para a dor virar tormento.

Se estiveres seguindo ao lado do inimigo,

não durma sem tirar o coelho da cartola.

Afaste a sua raiva do despenhadeiro,

pule em sua égua, volte para a escola.

Vive mais feliz quem trabalha e estuda,

mesmo recebendo um pouco de dinheiro,

na estrada da vida só o estudo pode libertar,

qualquer ignaro do seu cativeiro.

Bote seu cavalinho na chuva. Tire seu cabresto!