Ei racista, quem diria!

Ei racista, sobras de aborto, imbecil, imundo,

o que te fez pensar que era superior?

Vejo você hoje aguardar no hospital, moribundo,

algo que te dê vida ou alivie sua dor.

Em toda sua vida foi hostil e arrogante;

fazia e desfazia, só você tinha valor;

excluía e repelia com seu jeito dominante,

quantos iguais a ti se acabaram em desamor.

Talvez sua mordomia, sua grana ou sua fama

impediam-no de ver a dimensão deste seu erro;

mas hoje o seu dinheiro não te arranca desta cama,

não compra sua saúde, nem ameniza o desespero.

A tristeza o abate, mexe com suas emoções,

o remorso dói, machuca; seu mundo se acabou.

Racismo e intolerância são tristes recordações

do que você foi outrora, um irracional sem valor.

Mas é como dizem: o mundo dá muitas voltas

e um dia pode punir sem nenhuma compaixão;

Busca, desenterra e traz o passado à sua porta;

você hoje é prova disso, aguardando a transfusão.

Mas eis que a salvação vem acompanhada de ironia,

o seu sangue é muito raro, você sempre se gabou;

mas, racista, xenófobo, ora vejam, quem diria,

foi de um negro nordestino o sangue que te salvou.

Renato Curse 08 de fevereiro de 2.012