PERFIL

PERFIL

BETO MACHADO

Não abro mão das minhas asas.

Se me as cortam podam meu autismo,

Dilaceram meu egocentrismo,

Implodem meu corpo-casa.

Se os versos duros que escrevo

Abrem leques, formam trevos,

Minha alma, em alto relevo,

Pinta um Eu na minha pele.

E mesmo que gere sangue

Dos riscos monossilábicos,

O bater livre das asas

Manda as dores pelos ares.

E o meu planar,

No ir e vir, mitiga

O peso das leves penas

Que eu nem carrego.

Missão deixada a cargo

De alguém que,

Sem pestanejar, castiga

A quem me faça mal,

Que é meu auter ego.

Roberto Candido Machado
Enviado por Roberto Candido Machado em 23/12/2014
Reeditado em 24/12/2014
Código do texto: T5078874
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