PERFIL
PERFIL
BETO MACHADO
Não abro mão das minhas asas.
Se me as cortam podam meu autismo,
Dilaceram meu egocentrismo,
Implodem meu corpo-casa.
Se os versos duros que escrevo
Abrem leques, formam trevos,
Minha alma, em alto relevo,
Pinta um Eu na minha pele.
E mesmo que gere sangue
Dos riscos monossilábicos,
O bater livre das asas
Manda as dores pelos ares.
E o meu planar,
No ir e vir, mitiga
O peso das leves penas
Que eu nem carrego.
Missão deixada a cargo
De alguém que,
Sem pestanejar, castiga
A quem me faça mal,
Que é meu auter ego.