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INTERROGATÓRIO BESTA
 


Capuz enfiado na cara,
o prisioneiro foi introduzido
na sala de ar condicionado.
 

Cheiro gris de coisa química:
clima de caserna, enjoativo.
 

Odor fétido de antro oficial
da política repressão.
 

(...)
 

Nada mais a declarar.
 

Após o interrogatório besta
- revista socialista de Portugal
etc., etc., etc. e tal) -,
certamente tudo, às ventas
do preso, sendo gravado.
 

Já de pé, o preso,
aí a mão do pulha apertou-lhe
o ombro, a voz do pulha saiu
peremptoriamente seca:
 

« - Não entre em luta armada,
companheiro  (olhem só,
aí, lá dele o despudor!),
senão lhe passamos fogo! »
 

Fort., 15/12/2014
Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 15/12/2014
Código do texto: T5070255
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