Elogio ao Povo que luta pela Terra

Admiro muito este povo,

que luta pela terra...

Pessoas que tiveram uma vida dura.

Que foram criadas de maneira simples,

Que viveram sempre a realidade

de ser pobre...

Que ao cruzar muitas vezes o limite entre a pobreza e a miséria,

Ao fazer escolhas para si e para sua família,

sentiam o coração apertado.

Foram assaltados por dúvidas,

Reavaliaram as lembranças,

as lições dos livros.

Os mil conselhos do pai e da mãe...

E que passaram por muitos sofrimentos...

E sentiram o desespero surdo,

de ter que optar entre,

um destino duro,de empregados,

ou sub empregados,

nas periferias...

ou um futuro livre

Difcil e desafiador,

como colonos...

Que levaram suas famílias para baixo de lonas pretas,

Frias no inverno, quentes no verão...

Que foram muitas vezes incompreendidos.

Que viveram a dura realidade

dos acampamentos.

Que souberam,

ser maior do que estas privações...

Pessoas que cresceram dividindo tudo

não por ideologia ou por habito social,

mas por necessidade...

Que praticaram a solidariedade,

Primeiro como instrumento de sobrevivência.

Depois como arte e instrumento de resistência...

Que indignados, e esperançosos,

Beberam dia a dia com seus companheiros

o mate amargo, e a pinga...

Enquanto falavam do passado,

do presente,

Mas acima de tudo,

no futuro...

Que apesar de pobres mantiveram a fronte erguida,

A arrogância natural da liberdade...

O orgulho no peito, que vinha não se sabia de onde...

Mas que hoje eu sei, vinha da dignidade,

que é a mãe da coragem,

que cria a obstinação, a persistência

Que cira a capacidade de luta,

a busca por um destinos melhor...

E que souberam transformar este orgulho proletário,

Em uma poderosa arma contra os inimigos,

A construção de movimentos organizados,

de metas e projetos,

de busca de discussões de consensos

do trabalho coletivo,

de concentração de esforços,

de unidade, de luta.

Que assumiram,

que se engajaram em movimentos,

sindicatos,

grupos de luta,

partidos políticos,

depois em governos...

Índios vagos,

Que jogaram um tudo ou nada com a vida...

num acampamento de sem terra

ou numa ocupação. numa passeata,

numa escaramuça...

Que apostaram no trabalho coletivo,

Que foram movidos pela a esperança a cada novo inicio...

Que curtiram a esperança

de cada semente,

ao olhar a terra duramente conquistada,

as vezes mal preparada,

Que consultavam o tempo e a luz e as estrelas,

E confiavam em Deus e em si mesmos...

Que plantaram, que deram combate as ervas daninhas,

que cultivaram as planta, que povoam nossos campos hoje

matam nossa fome e são a nossa esperança de um bom porvir...

Mas que acima de tudo,

combateram o inço da ambição desmensurada,

Souberam evitar a armadilha das soluções individuais,

Cultivaram o respeito diante da natureza de Deus e dos outros homens.

Que mesmo com tantos riscos tantas privações

tantas duvidas,

Souberam levar adiante esta gloriosa e bem aventurada,

Aventura coletiva...