RECICLADO
RECICLADO
Faz de conta que você vive
Do reciclado que recolhe
Transformado de mentira
Que acaba de novo em algum alagamento
Entupindo a boca de lobo
Inundando o esconderijo onde você deita
Não dorme e sente fome
E encharcado de aguardente
Sonha pesadelos e desamores
Ao lado do cão que o guarda
Pois o anjo foi-se
E deixou a foice
Que logo ceifará o pouco que resta
Da tua pobre humanidade
E quem sabe voltes
Reciclado