Vivendo Morrendo...Maus Momentos...

Quem é que me dorme,

No meu ônibus ...

O que é que me acorda à noite..

Preocupado...

E me faz perder o sono...

Quem me faz dormir com fome,

E sonhar com amigos a me visitar,

Com grandes projetos a realizar,

E sempre...sempre...acordar com sono...

O Que é que me tira a água do meu poço,

Que é que me faz ler no escuro,

Que é que me banha numa bacia,

E me faz sentir cheiro ruim todo o dia...

E duro ter que ser assim meu irmão.

Tão duro...

É duro assim estar, meu irmão...

É duro ter que assim ficar meu irmão,

Tão duro...

Tão duro...

Quem é que faz andar a pé...

Quem é que me anda mal cheiroso,

Quem é que me faz tão desejoso,

De sentar...

Em qualquer lugar meu irmão.

De pedir algo prá tomar meu irmão...

Gostoso...

O Que é que maltrata assim minha boca,

E tira meus dentes sem arrancar,

E bota sarna prá me coçar,

me faz cair os cabelos,

sem ter que cortar...

Que me faz anti higiênico,

sem me importar...

É duro ter que estar assim meu irmão.

É duro assim ficar meu irmão...

É duro ter que assim estar meu irmão...

Tão sujo...

Tão pouco vaidoso...

Ficando velho, tão rápido.

Que quase nada me garante,

se estou vivendo ou morrendo...

Se estou vivendo lentamente,

Ou morrendo lentamente...

Morrendo - vivendo...

Ou vivendo - morrendo...

Ou morrendo - Morrendo...

Tão duro. Tão brabo

Tão curioso...

Quem é que me faz,

Morar naquele lugar tão distante,

que quando desço do ônibus tenho que ir a pé adiante...

As vezes berrando de raiva,

prá não enlouquecer.

Passando por louco...

Muito louco....

O Que é que me faz comer pão envelhecido,

E tomar café requentado...

Cuidar prá não perder a comida,

Tapar sempre muito bem as panelas,

Lavar sempre mal a marmita,

Que sempre repete a mesma gororoba,

Tão pouca,

Que me faz juntar e comer as migalhas,

Batendo na realidade de frente...

Que a comida foi pouca,

E que é até bom engolir os restos dos dentes...

Quem é que me distrai ouvindo rádio,

quando ouço belas músicas,

E me agita de raiva,

Quando ouço o noticiário...

Quem é que grita falando normalmente,

Quem é que fala tão mentiroso.

Quem é que me faz tão curioso,

De ouvindo estas mentiras,

sem ter como me rebelar.

Calado sem ter como denunciar.

Os erros do locutor,

Que ao comentar a economia,

Entende tanto de real

Mas não entende nada de povo,

Nem do mundo

real que nos cerca,

Sendo portanto um irreal,

Esqueceu da economias dos homens,

Só pensa nas economias

dos grandes empresários e banqueiros

Que vende mentiras,

por ser jornalista ou intelectual,

Vendido...

O Que é que me faz tão solitário,

fazendo amor com os travesseiros,

tentando bolar itinerários,

que me permitam passar perto do seu escritório,

ver você só um pouco,

tão pouco...

tan poco...

Adiando para nunca aquele jantar.

ao seu lado,

me fazendo andar assim tão tarado,

andando com amores impuros,

E duro...

Tão duro...

O Que é que me faz

Ir pra mesa de um bar,

Procurar alguém pra conversar e

Contar algumas historias,

Falar do que ainda vou realizar.

Pra me enganar,

Que cada vez está mais distante

E eu bêbado.

Tão bêbado...

E assim eu vou vivendo-morrendo

Morrendo...

Morrendo - vivendo

Tão duro. Tão brabo...

Tão curioso...

Tão diferente dos rapazes do Lago sul,

Que passam no Honda azul,

E eu querendo pegar uma onda,

Vou sacolejando em meu ônibus,

Curioso....

Curioso...

Jaime Garcez
Enviado por Jaime Garcez em 24/11/2014
Reeditado em 12/12/2014
Código do texto: T5047498
Classificação de conteúdo: seguro