ENTREGUE A VIDA

A noite que chora,

A favela reclama

Entre suspiros e lágrimas a felicidade se esconde.

Um olhar pela brecha da porta,

A palavra presa na garganta.

a mãe conclama

Na penumbra da tristeza ninguém responde,

E o barracão se fecha

Violência,

Pobreza.

Fogo!

Especulação imobiliária.

Trafico,

Falta políticas públicas

Sobra organização no crime,

Aumento do sofrimento.

Crianças abandonadas,

Adolescentes guerreiros.

Vitimas do sistema

Abandonados a sorte.

Relampeia,

Chove forte

Chora a criança.

A mãe a consola

O pai acorda.

A coruja pia a morte,

A moça aborta,

No esgoto a feto rola

A noite a sorte,

A bala corre forte

Há sangue na calçada.

A sirene grita

O corpo que cai,

Foi tiro no cangote

Morre mais um do magote.

A quem culpar?

Na bocada a viatura,

busca pega a sua recompensa.

Desce o milico,

E pega o pacote.

A propina desce o morro,

apagaram o sonho de uma criança.

Recompensa pela morte,

foi se mais um meninote.

Alguém sem sorte

Que nasceu pra morte

Preto,

Pobre cachorro!