Poeminha do diálogo acerca do mundo sem lar

Dois amigos estão a se falar...

– Fosse eu dono do mundo,

Já estaria decretado:

Todo mundo vai ter casa,

Pra ficar acomodado...

Casa rica, opulenta,

De luxo, de muita beleza,

Casa pobre, mesmo isenta

Desta vida de grandeza...

– Mas que mundo desigual

Seu decreto vai criar

Aproveite o ritual,

Faça a vida melhorar...

Para todos dê dinheiro

E some felicidade

Ah, meu companheiro,

Faça um mundo de bondade...

– Olhe, amigo, lá para trás

E veja a nossa história

Você pode querer mais,

Mas o que tem na memória?

Desigualdade, meu irmão,

Injustiça a toda hora...

Certamente a solução,

Requer mais que demora...

Ouça, agora, o que lhe digo

Falo de algo bem triste,

Outro dia, sem abrigo,

No sinal que ali existe

A moça descalça pedia

Ao motorista passante

O dinheiro que valia

A luz debaixo da ponte...

Só queria uma vela

Para tirar a escuridão

Do cantinho que ela

Tinha por habitação.

Meu amigo, veja que sina,

que vida de quase morte.

Sem casa, uma menina,

Entregue à própria sorte.

Eis assim a razão

Do meu falado decreto

Que não traz divisão...

Mas justiça - estou certo...

– Seu decreto me convence,

Meu irmão não quer a guerra,

A cada um o que lhe pertence...

Com justiça nesta terra...

Justiça que ao homem dá,

Um pouquinho de conforto,

Um lugarzinho pra morar,

Neste mundo todo torto...