Foto Engenho Uruaé,Condado/PE por Rodrigo Cantarelli

Negro Dissabor

 
Negro dissabor da alienação, amargo rancor da mediocridade em meio aos nãos, pútrefo verbo ensaiado do preconceito ardil vilão, algoz de uma condição inata, herança mesclada à tolerada melatonina estereotipada por uma pobre nação, verte da pena um poema aos ares da indignação, brado em versos inquietas consoantes em tons modestos a romper qualquer grilhão, já jazem as grandes senzalas, o tronco no pátio erguido já não desfalece corações, navios abarrotados de desesperos ainda emudecem a minha visão, verbalizo em letras rubras ode à libertação, o sangue que verte em quaisquer veias vertem o exclamar bendito que prega a união, teço em dedilhar grito conciso dos pretos que já tombaram ao acre chão, os sepultados pela incongruente ganância rogando por uma piedade em vão, utópico sonho multicolorido da não segregação ao negro dissabor da alienação, em rogativa imagino incolor conscientização, os troncos ainda estão nos variados pátios erguidos sob o véu da mais alva e disfarçada comunhão.
O Poeta do Deserto (Felipe Padilha de Freitas)
Enviado por O Poeta do Deserto (Felipe Padilha de Freitas) em 13/11/2014
Reeditado em 13/11/2014
Código do texto: T5033509
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