A mulher que anda nua

Em ruas sem nome e sem fim,
caminha em murmúrios a mulher nua.

Caminha ao léu por saber inútil
o rumo que aponta a rosa dos ventos.
Rasgaram-se os cetins que embalavam
os poucos sonhos que a adormeciam.
Busca, talvez, a última rosa
dos sempre adiados jardins
e no peito só leva
a dor da vida retorcida,
da cama extorquida
e da dívida vencida.

 


Lettré, l´art et la Culture. Rio de Janeiro, Primavera de 2014.