Assalto aos cofres
Os oito tentáculos robustos do diabo
Andejam catando ao homem-aranha;
sobe paredes ante mentira, de brabo,
co’ uns que descuidam o próprio rabo,
e forjam o alheio em repetida patranha...
logram com a fumaça angariar amigos,
pervertem a bússola para errar o norte;
figueiras mortiças sem folhas nem figos,
distraem com esmolas alguns mendigos,
enquanto a quadrilha rouba à caixa-forte...
não querem nem à força deixar o garimpo,
em cada bem público um filão eles veem;
roubar cada vez mais lhes aguça o instinto,
então atiram merda rumo ao nome limpo,
coerentes, só podem dar daquilo que têm...
até desculpo ao incauto iludido que ignora,
enganado e medroso cai em sua vasta teia;
mas, ao esclarecido que finge não ver, agora,
lamento, e informo que não os quero fora,
antes, desnudos, dentro, no fundo da cadeia...