Vexame - Indefesos
esquecida na escuridão da noite
vaga mais uma criança pela rua
sem paradeiro anda no pernoite
desse frio que acompanha a lua
a cada banco de praça um leito
no papelão encontra seu abrigo
no céu busca o teto de um jeito
dorme um pequeno com o perigo
nas mãos as marcas do passado
nos pés esse sinal para o futuro
agora quem sabe do seu bocado
fica ali e tenta repousar no duro
a mente não entende tanta fome
o corpo exige alento ao menino
o olho só enxerga todo o vexame
aqui no abandono dum peregrino
sobrevive de lá pra cá esse filho
aprende fora da escola sua lição
cresce um indigente maltrapilho
morre nele o plano da educação
De
Marcondes Schifter
Poeta