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Tem um corpo lá na esquina
 
 
Pode ser que seja apenas uma imagem
Que está sendo captada pelas lentes
De alguns profissionais.
 
Tem um corpo  lá esquina,

Rodeado de c
uriosos; alguns a prantear
a triste perda,

Outros murmuram, apontam o dedo,
sem ao menos avaliar...

 
Tem um corpo  lá na esquina,

Um quadro cinza da menina que morreu;
No espaço entre as tranças e o sapato,
Há um corpo que bem pode ser o meu.


Talvez seja eu o seu reflexo;
O olhar que remete algumas lembranças,
As brincadeiras de roda no terreiro;
Os ensaios de teatro à luz da lua,
Vigiados por adultos cuidadosos.

Tem um corpo lá na esquina,

Da tela em cores cinza e vermelho, 
Chego mais perto e
Outra imagem se condensa; observando-a
Me ponho a imaginar...
Vejo que somos personagens quase idênticas,
Mesmo assim, jamais passamos de
Vestígios a vagar... contra as sombras da
Noite, que, vez por outra surpreendem,
No silêncio que nem dar trégua
Para gritar...

Das mãos dela recolho o que sobrou.
Me tinha como amiga - e é minha irmã.
Em seu rosto desfigurado, transformado, 
Uma gélida lágrima olha pra mim
E me pede para não silenciar.
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Ísis Dumont
Inspirou-me:
"Estou aqui", de (Antonio Carlos Secchin)
Texto encontrado no Blog de
Moacir Luís Araldi.








 
 
 
 

 
Aparecida Ramos
Enviado por Aparecida Ramos em 11/10/2014
Reeditado em 12/10/2014
Código do texto: T4995161
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