VELHICE
Eri Paiva
Já fui moço no passado! Nele vivi,
Felizes e bons anos deste meu viver;
Brinquei, me apaixonei, amei, sorri,
Sonhei sonhos difíceis de esquecer!
Olho lá atrás, nas minhas lembranças
E reconheço hoje o quanto desperdicei
Em tempo, em energia, inteligência,
E até mesmo nos sonhos que sonhei.
Mas aprendi e o que hoje sei e sou
É o resultado das escolhas que eu fiz!
Se estraguei ou bem usei o meu tempo,
As consequências, o meu corpo, diz.
Vai longe, muito longe, a minha idade.
Alcancei, o que poucos querem, a velhice,
Neste estado decrépito, de caducidade,
Para muitos, é como se eu não existisse.
Falta-me o olhar tão amoroso de antes,
A atenção dos jovens, o beijo das crianças,
O bom dia, a bênção, o sorriso franco,
Também a amizade e o papo da vizinhança.
A indiferença dói, em qualquer estado,
Na velhice, porém, parece, bem mais, doer!
Nestas alturas, não tenho mais vaidade,
Nem as defesas de antes para me defender.
As forças me faltam e meus movimentos,
Agora lentos, já não me obedecem mais.
Não tenho porque correr contra o tempo
Que a cada dia se me torna mais fugaz.
Sinto necessidade dos meus filhos perto,
Eu os gerei para suas conquistas e vitórias.
Mas, quero ainda dizer-lhes que, por certo,
Mais vale a paz que o que se acumula agora!
A vida é mais que isto! Creiam filhos meus!
A nossa colheita é o que fizemos por aqui...
Se boa ou má, só quem nos julga é Deus,
Do seu julgar, cada um será ou não, feliz.
Natal/RN - Em 02. 10. 2014