Não é o doce de amendoim
Sobre viver na rua
É não ver poesia na lua
Engolir seca a realidade crua
Querer sem poder; ser pivete
Já que deus me esqueceu
Tenho fé no meu canivete
Compra um doce tio?
Pede moleque, que a vida é salgada
Pé de moleque descalço na calçada
Não há paz, não há voz
Exploram e açoitaram
Meus pais e avós
Querer sem poder; ser pivete
Já que o estado me esqueceu
Tenho direitos no meu canivete
Compra um doce tio?
Já não pede moleque, que a vida é salgada
Pé de moleque descalço na calçada
Toma moleque o que é seu por direito!
Mas corre moleque; ser justo não é aceito
Mas morre moleque: a propriedade tem mais direito.
20.09.2014