HOMENAGEM ÀS MÃES DO BOREL
I
Vemos crimes e bandidagem por todos os lados.
Cabeças mutiladas alimentam esses medos
Opacos, mas sem cor ficam também esses dados.
Pois houve tempos que não tínhamos esse algo na cara, esse dedo.
Momentos que o regime desestabilizava ao som do trovão,
Porque quem marchava não era menos que o povão.
II
Da Candelária e de Vigário saíram mortos a dar com pau,
Em Diadema, a polícia brincou de bandido muito mal.
As mães do Borel teriam algo a nos dizer,
Mas aviso: os poucos que as ouviram só agem
Fugindo para debaixo da cama.
Se um dia, porém, perder a coragem,
De novo trabalharei para quem não me ama.
E se descrever tudo isso é difícil, também é preciso fazer[lo].
As mães do Borel teriam algo a nos dizer.
III
Durante cinco anos escutei todo tipo de bobagem.
Constituição, decretos, magistrados e leis.
Fiquei cego, não mais via quem estava à margem.
No desemprego, entendi a piração, o Código era um azul de spray.
Era muito diferente... era pra lá de estranho.
Foi então como proletário que a tudo entendia:
O mundo que me descreveram tinha outro tamanho.
A Universidade [eu já sabia] era parnasiana poesia.
IV
Testa-de-ferro não tem vez
Com esse pessoal que contesta.
Interessantes as influências como esta,
Eles têm a verdade do lado, o governo nunca o fez.
A burocracia, porém, não é una e toda rica.
O baixo clero entende algo dos assuntos do povo.
O Estado, assim, teme o crescimento desta piça,
Maldado, pois, seria perder os tenentes
e ir ao chão tudo de novo.
V
A Roma antiga nos ensina muito bem,
Pão e circo é a política do pássaro verde.
Se faltar emprego, deixe a plebe zeen.
Ofereça água e farinha e escravos mutilados,
O dever de um bom governante.
Hoje, a água e farinha só vem em forma de baguete
E os multi lados da questão também mostram
Os trabalhadores cheiram, permanentemente, a cravos.
VI
Quando falta comida e diversão
Começa a choradeira do não
As massas pedem o que precisam
Mas os governantes usam a igreja e catequizam
E, assim, partem para o que interessa.
A quizila Policia entra com a repressão:
O patrão não paga o preço com pedras preciosas mas proporciona a pauleira!
Nunca contradiga a polícia, esta é moralista.
Se bem que seus crimes não cabem numa só lista.
A falta de segurança é forma de estabilizar o regime político,
Mas se perguntarem, diga: quem disse foi um passarinho tico.
VII
O ego com esse tipo de assunto fica intrigado
Se disser a quem foi roubado que falta emprego,
Estes vão apontar o dedo e de pronto uma briga.
Aconteceu isto conosco muitas vezes.
Pode dizer, leitor, se pensa assim.
Mas, vou elucidar toda a lição, são tudo interesses.
A vingança, do leigo, não a leva a nada e vira oficio.
Verdade é quem se aproveita do crime e falta de segurança
Está no Planalto ou compra quem lá está.
A única solução é jogá-los num buraco e cobrir todos com Pá,
Pois a única solução é o pesadelo do cético,
É a Revolução, o contraponto a todo Não desse “ético”.
VIII
Revolução é a conseqüência natural e inevitável
Da evolução política.
O que a escola ensina é tudo mutável.
Toda a piração não passa de distúrbio dessa ótica,
Muda o véu e não os cursos.
Quando jornais, preconceitos e discursos
Mal sozinhos conseguem encadear as mentiras,
Andam por fazer lavagem cerebral.
Mas o honesto será o trotskista, um Homem sempre pontual.
Este nome é como de bruxos e magos do mal, provoca iras.
Todavia o que fez os Coroinhas coroados com os conflitos
Senão jogar na fogueira da Inquisição todos os realistas.
Não somos, esteja certo, contra a religião,
Mas quem é excomungado pelo diabo emplumado,
não pode ser maldição.
IX
Todo esse Canto foi em Homenagem às mães do Borel.
Se fomos limitados, foi culpa do papel.
Este é precioso, mas tem um limite.
Que a próxima fala seja a voz do povo
E o dedo na cara muito nos irrite,
Pois firmeza e coragem moral é a cor do trovão,
É o vermelho do marxismo, é a cor da Revolução.