Célula Podre da Sociedade
Dizia o homem ser tão sábio
Que a todos enganava
Inclusive o aliado,
A família, a namorada.
Pensava um, dizia dois,
Na esperteza sem vacilo.
Sem remorso, ele ria, pois,
Mamava no mamilo.
Do Estado tira o leite,
A passagem de avião,
A escola cara da criança,
A reforma da mansão.
E se achava o esperto,
Lobo em pele de cordeiro.
Pra ele tava tudo certo,
O futuro do herdeiro.
“Agora tá tudo bem,
Consegui o que queria,
Já que tudo que eu tenho
O meu filho herdaria.”
Mas este, o pobre coitado,
Estava sendo escravizado.
Viveria seu futuro,
Atrás de um muro, grade e aço.
E no final a sapiência se transforma em burrice,
Se ele procurasse o bem coletivo, todos seriam mais felizes.