A seca no meu sertão

É, parece brincadeira, enquanto uns morrem de sede no nordeste,

Outros estragam a água jorrada pela torneira no sul do Brasil.

Senhor, tenha pena desse povo, que pode matar a esperança.

E as chuvas fugirem deste lugar, matando o futuro da criança.

Sim, essa seca desastrosa, quer acabar com o sertanejo,

E com ela levar toda nossa vida por falta de plantio de lavoura,

Chamando os carros pipas para trazer água na região,

Deixando em pedaços o coração de toda uma população.

A gente ouve falar que a chuva está acolá, mas aqui não caiu não.

As nuvens do céu agora não trazem mais chuva boa,

a gente reza um bocado para um dia ela chegar,

pois se demorar muito, não sei o que vai restar.

O sertanejo é forte, mas com a fome e a miséria a força vai acabar.

Se as sementes não nascerem, e o povo todo vai morrer.

A água agora é vendida, e o pobre não tem dinheiro,

A Deus é quem faço a prece: do nordeste abra o chuveiro.

Essa tal da praga El niño nasceu para matar a chuva,

Tem o nome de menino travesso e um absurdo.

Esse fenômeno ingrato quer acabar com o meu sertão,

É uma praga que sopra, e a chuva não cai no chão.

Vamos esperar que o bom Deus não esqueça do nordeste,

Faça o sertão virar mar, e o mar virar um sertão contente,

Pois ainda queremos ver o verde neste chão carente,

Senão as águas que veremos serão as lágrimas da gente.

(Seca de 1994 – Poesia em Parceria com a filha Danusa Emile Ulla Silva)