Molestado - Fragmentos
sou molestado pela saudade que sinto de você
às noites são longas e vazias sem sua presença
viajo pelos quatro cantos da parede num fuzuê
busco no teto escuro a luz para aquela detença
porque choro assim a minha face reflete a dor
uma gota peregrina todo o oceano de angústia
essa cascata entorna na razão a figura do amor
um lago ao redor de um corpo causa a eufonia
vejo todo dia pela manhã a falta que faz você
as tardes são tristes e cinza com sua ausência
ando de lá pra cá atrás do eco no tempo privê
procuro no vácuo da ideia essa sua aparência
porque choro assim essa alma segue no horror
uma lágrima que insiste lembrar uma imagem
essa visão contempla no firmamento o clamor
de um momento esquecido naquela passagem
sigo nessas pegadas o caminho longe de você
olho pro lado esquerdo e o direito da estância
durmo no lugar do ego que me deixa a mercê
as madrugadas são frias e só em sua distância
De
Marcondes Schifter
Poeta & Jornalista