BANDIDO
BANDIDO
E nas pontas de cigarro
catadas
fumadas
Ninguém viu a vida
Ceifada
Ignorada
Chamaram-lhe simplesmente moleque
Pivete
Enxergaram no bolso o baseado
canivete
E ninguém viu
quando foi rejeitado
retalhado
negligenciado
Setenta vezes sete
E os olhos daquele menino
na rua
e não de rua
Traziam histórias
de deixar a história nua
minha história
história sua
e o cheiro de cola que entorpecia
a sua mente
não mais
do que vive entorpecida a nossa consciência
demente!
O menino cresceu
e trocaram-lhe a alcunha
o menino não acolhido
agora era bandido
perseguido
o canivete trocou por arma de fogo
e, continuamos inertes
eu e vocês
esperando o fim do jogo
Rogando a Deus que a próxima vítima
não seja um de nós
nem os os nossos amigos...
e a bola vai rolando
as teorias se atropelando
atrapalhando:
“bandido é bandido porque quer”
assim diz a sociedade,
ou...
o que lhe mais convier....