BANDIDO

BANDIDO

E nas pontas de cigarro

catadas

fumadas

Ninguém viu a vida

Ceifada

Ignorada

Chamaram-lhe simplesmente moleque

Pivete

Enxergaram no bolso o baseado

canivete

E ninguém viu

quando foi rejeitado

retalhado

negligenciado

Setenta vezes sete

E os olhos daquele menino

na rua

e não de rua

Traziam histórias

de deixar a história nua

minha história

história sua

e o cheiro de cola que entorpecia

a sua mente

não mais

do que vive entorpecida a nossa consciência

demente!

O menino cresceu

e trocaram-lhe a alcunha

o menino não acolhido

agora era bandido

perseguido

o canivete trocou por arma de fogo

e, continuamos inertes

eu e vocês

esperando o fim do jogo

Rogando a Deus que a próxima vítima

não seja um de nós

nem os os nossos amigos...

e a bola vai rolando

as teorias se atropelando

atrapalhando:

“bandido é bandido porque quer”

assim diz a sociedade,

ou...

o que lhe mais convier....

Conceição Castro
Enviado por Conceição Castro em 11/08/2014
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