Eleonora (Asilo)
Autor: João Geraldo Orzenn Mattozo
(pseudônimo: Aprendiz Parnanguara)

(ver minha poesia "Asilo")

Uma senhora, fundos olhos em mim fitados,
Balbuciou-me: - Preciso de ajuda meu filho,
Diga-me, como faço para fugir deste asilo,
É muito triste esta vida! Vi-os desanimados...

Cadê o chão, o que dizer àquela senhora,
Fui amparado desde a mais tenra idade,
Acalentado eu fui, cresci com dignidade,
Acaso o amor é flor que velha se joga fora?

Os destinos das pessoas estão traçados?
Entendo bem pouco disso ou daquilo,
Para mim cada ser humano é um silo,
Uns, sem nada. Outros, plenos, lotados!

Às vezes, os peitos estão apertados,
A sensibilidade a zero, nenhum quilo,
Tudo o que vem parece ser um grilo,
Sentimentos deixam corações sufocados!

Alma que sem esperança na vida chora,
Espera um abraço, bem mais que piedade,
Naquele olhar refleti minha mocidade,
Quanta gente à minha volta amor implora!

Amargo murmúrio gelou-me, Eleonora (1),
Ame cada ser humano com propriedade,
Abraço se dá com ternura e sinceridade,
Ame Deus e os velhinhos do asilo agora!

Quem muito precisa espera a morte mudo...
Minhas cãs brancas dizem-te palavra amiga:
Carrega vezes mais o seu peso uma formiga,
O homem não agüenta o seu próprio, contudo!




(1) Eleonora – título do conto (short story) de Edgar Allan Poe,
Narrativa lírica, onde se entremeiam, o suspense,
a poesia e o irreal, 1ª publicação em 1842.
Geraldo Mattozo
Enviado por Geraldo Mattozo em 08/08/2014
Código do texto: T4914873
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