No Brasil é tudo ou nada! Letargia ornada
Governo sabido dá festa pra o povo e tem no pão a fome regulada,
Deixa morrer de doença e o analfabetismo é prática estimulada.
Patrocina Copa e Olimpíada dando-lhes total segurança,
É o pão e o circo num país onde o governo toca e o povo dança.
A letargia no Brasil é toda ornada!
Quando chega o carnaval, a fantasia é a farsa enfeitada.
Cheia de cores, forjam um paraíso numa noite drogada.
Nas ruas agitadas, o povo enlouquece sem noção.
Mas na praça morrem os pombinhos de inanição.
A letargia no Brasil é toda ornada!
Vem a semana santa da religiosidade sagrada.
Compram-se flores para túmulo vazio de vida encerrada.
Tudo é uma grande farra, pra cachaça não falta dinheiro,
Mas o povo brasileiro é o pombo que agoniza no terreiro.
A letargia do Brasil é toda ornada!
Chega o São João, festa junina com mais grana queimada.
Fogos quentões e quermesse, com muita rua enfeitada.
O nome do santo não importa, o que importa é o milagre.
Mas na praça o povo agoniza na lama feito um bagre.
A letargia do Brasil é toda ornada!
Sete de setembro é independência do quê. Talvez de nada.
Tudo é motivo de festa, mesmo com o carro quebrado na estrada.
Os desfiles poderiam servir para ensinar ao povo o Hino Nacional.
Mas na praça as mulheres bonitas lavam em outro tanque e varal.
A letargia do Brasil é toda ornada!
O natal é o fim do ano, outra festa organizada.
Sem lembrar de quem nasceu, a festa agora é da gurizada.
A bebida é tomada, os presentes estouram os cartões.
Mas na praça o povo se afoga nas dívidas e promoções.
A letargia do Brasil é toda ornada!
Quando tem copa do mundo, a multidão é uma manada.
Tantos bois em meio às vacas, a cidade é uma roça enfeitada.
Bola brazuca jogada no fuleco, o preço dos ingressos é um horror.
Mas na praça o povo grita: Eu, sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor!
A letargia do Brasil é toda ornada!
Um salário vagabundo tem emprego vagabundo: É criação da elite?
A elite é o governo, a Rose é a rica da profecia: Rose é coisa da elite?
Mensalão dos companheiros, todos cheios de dinheiro: Mensalão é da elite?
E a mente do irmão? Uma decepção! Os ladrões de agora são, os “anjinhos” de plantão. Que confusão!