SE EU ME CALAR...
Escuto um lamento...
Em meio ao tormento
Da grande cidade.
Há tanto barulho...
E tudo é confuso,
Mas vou procurar!
Parece uma voz
Um tanto cansada,
Que sussurra aflita
Em meio aos barracos,
Paredes de taipa
Cobertas de zinco,
Sem água encanada.
Por entre os casebres,
Esgoto mal cheiroso
Escorre a céu aberto.
De novo o lamento...
Faz-me refletir... e lá adentrar.
Meus olhos deparam
Com uma triste cena...
Num canto, arquejada,
Uma pobre mulher
Sem eira nem beira,
Me lança um olhar.
Nos olhos tristeza,
Na voz um chamado.
Deitado ao seu lado
O seu grande amor,
Que sofre calado
O abandono e a dor.
Ao ver esse quadro...
Meus olhos choraram,
E meu coração, de dor sufocou.
Se eu me calar...
Por certo... remorsos vou ter.
Saí à procura de ajuda e afeto,
Por sorte encontrei parceria também.
Juntando amigos e gente de bem,
Levamos os velhinhos
Pra um lugar decente...
E hoje contentes no seu novo lar,
Sorriem felizes sem nada faltar.
Não podemos calar...
Nem ignorar!
There Válio – 03-08-14