PRÁ BOM ENTENDEDOR
Que mal lhe pergunte, meu senhor.
Porque a vida é tão dura de se viver?
Não tenho amargura, nem guardo rancor
Mas, tem coisas que me custa compreender.
Outro dia vi na tv
Um hospital ser processado
Por omitir socorrer
Um “bacana” infartado.
Era ilustre e tinha influência
Não sabiam com quem estavam mexendo
E por não tomarem as devidas providências
O homem acabou morrendo.
A imprensa tomou partido
E deu destaque o dia inteiro
E todos foram punidos
Não sobrou nem para o porteiro.
Na periferia outro exemplo igual
Caída na calçada outro homem agonizava
Bem em frente ao hospital
E ninguém o auxiliava.
Não houve a mesma repercussão
Apenas um destaque banal
Um pedido de justiça em vão
E a vida voltou ao normal.
É, meu senhor, nem sei o que foi pior
Poder socorrê-lo assim quem me dera
Jogado sem vida ao léu
Ou morrer em uma fila de espera.