Perspectivas

O tronco da árvore está seco,

As folhas murchas,

Os galhos despencados,

As raízes esfareladas...

Este é meu testemunho de rancor

Perante um mundo que comercializa amor

E torna a vida sem sentido...

Ainda bem que do ar sinto oxigênio

E posso respirar flores de inspiração...

O céu está cinzento e o espaço nublado

Desenha fortuitas imagens dizimadas

Pelos ventos enfermos de poluição

Que derramam sobre a terra

A acidez que maltrata o orvalho...

Dias e noites se consumam nas horas

E o tempo indiferente não faz terapia,

Nem agasalha a doença do universo...

Na atmosfera frívola e doente dos homens

A chuva é o sol que mata,

Desmata e enterra...

Em espessos nevoeiros de areias escuras

A fuligem deixa carcomidos os sobrenomes

Que teimam em dilapidar o ambiente

Já deserto nos pântanos da agonia...

Salve-se quem puder, não há antídoto,

Cambaleia-se pelos vales

E a última esperança

São as lágrimas dos inocentes

Que deixam no solo úmido

O húmus de novas perspectivas...

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 24/07/2014
Código do texto: T4894513
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