Interpessoalidade

Sinto-me enfermo ao diagnosticar certas reações...

O caráter ideal de uma relação é a temperança,

Contudo observo uma síndrome de arrogância

Entre contatos humanos das mais variadas esferas

E tal propósito apodrece os liames da solidariedade

Tão carcomidos por efeitos nefastos de interesses pessoais.

As guerras não estão restritas aos campos de batalha,

O convívio social da modernidade é aparato de lutas

Em que a peçonha dos mais fortes violenta os mais fracos

Que, indefesos, sucumbem e são atirados ao lamaçal das desgraças...

Bocas se fecham retalhadas por temor à perseguição,

Então a hipocrisia deita e rola fecundando a vaidade

Que, por sua vez, sacia a sede indomável da ambição

Já travestida pela exaustiva busca de um referencial

Travestido pelos átomos do poder, da cobiça e da maledicência...

Assim a humanidade caminha pelas profundezas do orgulho

Que reina soberano sobre os alicerces da fraternidade

E faz do recrutamento do indivíduo poços de crueldade

Levando-o plenamente ao desconforto de uma vida indigna

Que aniquila qualquer advento de uma possível ressurreição...

O mundo está oco... Maldade é lei e centelha de terror

Que transforma o intercâmbio pessoal em viadutos de objetivos

Num tráfego trevoso em que peculiaridade é a perdição

Que se encaixa numa vitrine de falsas aspirações...

A água que jorra da fonte encontra-se contaminada,

Bebe-se do sangue escravizado que é tertúlia

Para um exército de ímpios que não dorme... cochila!

Este é o universo que identifico como estepe

Da sobrevivência que grita e blasfema socorro

Perante as incertezas das horas na edificação de um mundo novo!

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 11/07/2014
Código do texto: T4877575
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