Narcisos
Vocês são lindos
E de dar dó
E eu, feiura
Voltando ao pó
Inteligentes
E geniais
Superam os deuses
Celestiais
Aqui na Terra
Sem sol, sem cor
Vou ao buraco
Vou ao torpor
Ignorância
Me satisfaz
Pois não sei nada
Não sou capaz
Vocês são tudo
Sou um ninguém
Não tenho imagem
Não vivo bem
E vocês brilham
Voam ao céu
E eu na Terra
E eu ao léu
Cavoco mais
Verme maldito
Aqui na Terra
Eu admito
Estou cansado
De tanto mito
De tanta cena
De tanto grito
De tanta estátua
Que eu evito
De tantos seres
Com quem habito
De tantas almas
De tanto atrito
Da perfeição
Que tanto cito
Só em palavras
O erudito
Só em imagens
O contradito
Chego enfim
Ao veredito
E o culpado
É o infinito
E o culpado
É a quem fito
Junto ao espelho
Eu me limito
Cale a boca!
E tenho dito.