NÃO POSSO VIVER ERRANTE

Enquanto a cidade dorme

Aqui fico, abandonado

A chuva molha meu rosto

Intensifica o desgosto

De viver sempre isolado...

Tantos sonhos que sonhei

Hoje não fazem sentido

Escorrem como a enxurrada

Como a chuva na calçada

Para algum rio poluído...

Não há estrelas no céu

Nem brilho dentro de mim

Nesse mundo que é tão duro

Vejo só o lado escuro

Pois a vida quis assim,

Que eu vivesse aqui, à margem

Do que chamam sociedade

Sofrendo meu sortilégio

Distante do privilégio

De outros da minha idade.

Queria ir para a escola

Mas não tenho identidade

Sou só "menino de rua"

Com a mente triste e crua...

Um pária, na sociedade...

Quem foi que me fez assim?

A resposta todos têm

Porém quem me fez se esconde

E quem sabe, não responde,

É conivente também...

Continuo sob a chuva

Para esfriar a cabeça

A água que cai no corpo

Não lava o estigma torpe

Que trago, mas não mereço.

Quem sabe um dia a justiça

De Deus Todo - Poderoso

Revele aquilo que sou

Que em vão aqui não estou

Que sou alguém valioso.

Pois se até um grão de areia

Prá uma duna é importante

Eu que sou Seu filho amado

Que por Ele fui criado

Não posso viver errante!

Arianne Evans
Enviado por Arianne Evans em 08/09/2005
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