Artista de rua

Passava apressado pela avenida principal, como sempre nas sextas-feiras.

...O sinal fecha; medo natural urbano, olho pros lados

Vejo uma passista, performer, artista, algo sem igual.

Vestia trajes circenses, óculos aro grande, sem lente, mente.

Corre para o centro da avenida, enfrenta os carros.

Entusiasmo de araque, sorriso largo, simpática cumplicidade com a cidade.

Motoristas olham enviesados, distantes.

Encena fogo em riste, adentra ao arco, sopra pro alto,

Bem alto, grande chance nas mãos.

Na cidade grande, todos os sonhos são possíveis,

... todos devem sonhar.

Sonham moças e moços compenetrados, olham zoom.

Focam sucesso, tão certo, incerto, incompletos.

A metrópole acolhe e aborta,

inspira e expira mundo animal.

O sinal abre, avanço apressado, esqueço-me da moeda, não deu tempo...

A artista desaparece de vista.

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Luiz Carlos Zanardo
Enviado por Luiz Carlos Zanardo em 15/06/2014
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