Enterrado vivo
alma do calor de muitos dias de terror vivo comendo merdas da boca morta
de momentos de festa e fotografias
ventos que mudaram de gosto
chuva cai forte
mesmo assim estou com sede
tempestade de mana
e minha fome pede um copo de veneno
grito mudo calado com calo na lingua do gato preto
que mia cagado
e mijado
podre poder para poder mandar dinheiro no esgoto
e dar descarga no futuro das crianças
que sonhavam com o beijo do papai noel de madeira
pobre coitado
pobre diabo de quatro na poça de agua suja
pescando mentiras no balde de dejetos humanos
mesmo assim
so queria viver
para escrever um testamento com tintas vermelhas
e apenas o que a realidade mostra para o morto vivo
e uma cuia de esmolas.