Natureza Morta

Meu pensamento perdeu-se na multidão,

Assim me tornei escravo da insolente caatinga

Que devora vidas e deixa estéril o sertão

Onde sobrevivente é estepe duma existência ranzinza...

O solo é árido, a água do olhar não sacia fome,

Junta-se ao tempo inclemente a poeira que infecta

O calabouço do organismo doentio e sem nome

Bronzeado pelo sol da morte, peçonha concreta...

A desfaçatez humana é analogia com o inferno

Que sacrifica inocentes, subleva os ternos

Em que fingimento é amargor indócil desta bravata...

O espaço é hediondo, logo ficará deserto...

Resta o sonho... Esperança que, decerto,

Veste o sertão de hidrografias e cataratas!

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 06/06/2014
Código do texto: T4835076
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