Parto Natural

Estende a mão

retornando a injustiça

transposta no tilintar

dos metais.

Compactua com a situação

e respeita uma premissa

que procura nos condenar

cada vez mais.

A rima, óbvia

rima a realidade - ainda mais óbvia -,

que teimam em mascarar

nas trovas fúteis dos tele e jornais.

A verdade é que

há muito tempo:

o suor do nosso rosto

não refresca

- não há ar, não há vento -;

o nosso esforço

não compensa;

a zona de conforto

só aumenta

- eu, você, tudo que a alimenta -

o ego é um bicho

de sete cabeças

mordendo o próprio rabo;

e o isolamento

- ignorado e inevitável -

é mal utilizado.

Mas as estruturas

- hoje alicerçadas

no sofrimento do mais fraco -

já estão corroídas

pois o material é barato.

Os impérios

estão todos condenados

no momento em que foram formados

- por serem feitos de ódio e ganância

que só resultam em vazio...

Falta amor

no cimento

das capitais.

Falta amor

no silêncio

dos que tem mais.

Ademais...

ainda há vibrante vida

sob o concreto que nos mutila...

E desse concreto

(como de uma placenta de ferro)

romperá a saída,

aos berros.

Alecrim Cristal
Enviado por Alecrim Cristal em 06/06/2014
Código do texto: T4834118
Classificação de conteúdo: seguro