Parto Natural
Estende a mão
retornando a injustiça
transposta no tilintar
dos metais.
Compactua com a situação
e respeita uma premissa
que procura nos condenar
cada vez mais.
A rima, óbvia
rima a realidade - ainda mais óbvia -,
que teimam em mascarar
nas trovas fúteis dos tele e jornais.
A verdade é que
há muito tempo:
o suor do nosso rosto
não refresca
- não há ar, não há vento -;
o nosso esforço
não compensa;
a zona de conforto
só aumenta
- eu, você, tudo que a alimenta -
o ego é um bicho
de sete cabeças
mordendo o próprio rabo;
e o isolamento
- ignorado e inevitável -
é mal utilizado.
Mas as estruturas
- hoje alicerçadas
no sofrimento do mais fraco -
já estão corroídas
pois o material é barato.
Os impérios
estão todos condenados
no momento em que foram formados
- por serem feitos de ódio e ganância
que só resultam em vazio...
Falta amor
no cimento
das capitais.
Falta amor
no silêncio
dos que tem mais.
Ademais...
ainda há vibrante vida
sob o concreto que nos mutila...
E desse concreto
(como de uma placenta de ferro)
romperá a saída,
aos berros.