NEGRUME
Sou negro dos terreiros
Que dançam candomblé
Nos mulambos e quilombos
Olvidados pelo tempo
Jogo capoeira nos labirintos
E nas bordas do silencio dos oprimidos
Sou negro, como os lagos noturnos
Nas noites sem lua
Sou como o betume dos asfaltos
Como o cerne das almas perdidas
Sou negro
Como dizem ser, os olhos da maldade
Sou preto
Como as asas do corvo
Que vigia a morte
Se me vês branco
Bem pode ser defeito de teus olhos
Quiçá de tua alma!