Ateus
Na metrópole ecoou o clangor profano
Do alto dos prédios foi profetizado
O deus nascido do coração humano
Um dia por todos seria adorado
Santificado pela religião epentética
Plantou nas mentes um paradigma
Regado pela sua hipócrita ética
Fruto de um paradoxo enigma
O gentio preso por desejos ardentes
Em profunda adoração se curvou
O messias negro saciado de mentes
Pode enfim alçar vôo
Seus prodígios causaram enlevos
Dele vinham milagres tecnológicos
Contestadores tal qual medievos
Foram encantados por truques ideológicos
Senhor das secretas sinagogas
Escondidas em miríades de almas
A existências infernais homólogas
Rendendo a ele silenciosas palmas
Sua história escrita em suor e sangue
Dos pobres, trabalhadores e camponeses
É, numa prosa calma e langue
Contada pelos Santos Burgueses
Esse mito foi desvendado pelo sábio
Que desafiou o deus de forma etérea
Mas hoje suas ideias estão no alfarrábio
Seladas nas geleiras da Sibéria
Lembranças do confronto sideral
Guerra fria como inverno
Que no mundo causou temor feral
Aprisionadas no ostracismo eterno
O terror do anátema social
Sepulta a coragem juvenil
Que morre a cada música e comercial
Produzidos por esse Capitalismo senil
Oh jovens bocas protestantes!
Desejam tanto um mundo perfeito
Mas cometem os erros de antes
Perdoam a causa, criticam só o efeito
O falso deus oferece notoriedade
Com uma suave voz que elogia
Resistam como intelectuais de verdade!
Ateus contra a Religião da Ideologia!