Sertão

I

É isto! talhada, a morte,

em vácuos das cidades

suspensas pela espiritualidade

física, nos mesmos líquidos

das mesmas estórias,

correm folhas pelos

lençóis das fragas.

Acima!

II

Longe disto, os homens:

a inenarrável magreza organiza

ossos pelas porosidades da pele vil,

Pelas sombras aquecidas e terras escarlates

um membro de chumbo impunha o filho mais novo

Eu vi! larvas cansadas de comerem as entranhas

fétidas dos rebanhos, o sol a por segredos de

distâncias longas nas feições

cabisbaixas,

nas colunas curvadas pelo peso

de existir

Os olhos fundos a guardarem lágrimas, sedentos

diante de um orbe tão grandioso.

O reflexo das almas folclóricas

fenecendo mutuamente com a lembrança

da última evaporação presta.

III

E março, veja,

o mês vivo de esperança!

Das cultuadas chuvas, trazidas de longe

e um beijo de fé marca a face da criança

Homens, é dia!

Grãos de umidade carnal

a cair gravitacionalmente dos mares altos

são as preces ouvidas do oco abissal

E os ossos a gritarem,

as líquidas festas

esbarram nos tormentos desnutridos e vibram

o chão eutrofizado da riqueza funesta

É o riso volumoso.

Heitor de Lima
Enviado por Heitor de Lima em 22/05/2014
Reeditado em 16/11/2014
Código do texto: T4816114
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